Se analisarmos as buscas no Google pelo termo Agile HR, no período de 2016 a 2019, vamos perceber que elas praticamente triplicaram. A cada dia vemos mais profissionais buscando informações e formação sobre o tema agilidade. Mas afinal de contas, o que é o RH Ágil e o que muda na área de Pessoas das empresas quando absorvem os valores ágeis em suas práticas? É sobre isso que vamos falar nesse artigo, de forma panorâmica, e eu já quero te convidar a se aprofundar mais lendo o nosso ebook Guia Prático do RH Ágil.
A base e inspiração do RH Ágil vem do Manifesto Ágil para Desenvolvimento de Software, que foi escrito por um grupo de profissionais em 2001, como consenso sobre as melhores práticas relativas ao desenvolvimento de software. Os valores e princípios ágeis aplicados produziram inúmeros benefícios, tanto para os times que se embasavam neles, quanto para as empresas e geraram também mudanças positivas no papel dos líderes. Dentre esses benefícios, podemos citar:
Maior adaptabilidade às inevitáveis mudanças que surgem durante a execução dos projetos;
Diminuição dos erros, uma vez que sempre se testa pequeno antes e expandir;
Constante interação com o cliente, o que permite mais feedbacks e melhores ajustes do software às suas necessidades;
Maior agilidade nas entregas de valor ao cliente, que pode acompanhar o andamento do projeto
Maior qualidade do produto final, uma vez que entregas de valor já foram sendo realizadas durante todo o ciclo;
Maior satisfação dos clientes;
Times mais autônomos, o que impacta positivamente no engajamento e senso de pertencimento de cada integrante;
Líderes facilitadores, mais abertos ao diálogo e à diversidade, ao invés de líderes autoritários.
Foram todos esses benefícios (e tantos mais que poderíamos citar) que fizeram com que os valores ágeis se expandissem para outras áreas, como o Marketing, a Educação e o RH.
Inspirados nesses valores, em 2018, um grupo de profissionais da área de Pessoas de diversas empresas se reuniram e criaram o Manifesto Ágil de RH, com 6 valores e 5 princípios, destinado a servir como farol a todos os profissionais de RH que desejam navegar nestas águas e colher os inúmeros benefícios dessas práticas.
Entre o RH Tradicional e o RH Ágil há diferenças fundamentais. Dentre elas, a principal está na mudança da abordagem mecanicista do primeiro para uma abordagem orgânica no segundo. Quando falamos de RH Ágil, entendemos a empresa não como uma máquina, em que cada peça exerce sua função e somente ela, mas como um organismo vivo, complexo e não-linear. Isso implica em que as pessoas da empresa se tornam agentes de RH. O RH, então, sai do lugar de controle para assumir um papel de facilitador.
De forma prática, isso quer dizer que as funções tidas como “do RH” são “diluídas” na organização. Assim, os processos de contratação de novos membros são realizados pelas próprias equipes, bem como as decisões sobre demissão. Os processos de Aprendizagem e Desenvolvimento são compreendidos de forma bem mais ampla e não restrita a momentos específicos: a todo momento as pessoas estão trocando aprendizados e se desenvolvendo. Aos líderes não cabe mais ditar como as tarefas devem ser feitas, mas esclarecer o que deve ser feito, permitindo que as pessoas encontrem a melhor forma de realizá-lo.
Dessa forma, a partir dos valores ágeis, valorizamos mais nas empresas as redes colaborativas que as estruturas hierárquicas. A colaboração (entre pessoas de um mesmo setor, entre os setores e entre as diferentes unidades da empresa), proporciona uma intensa troca de conhecimento, o que permite à empresa disseminar melhores práticas e com isso aprimorar seus processos.
Para que haja colaboração, é também preciso haver espaço para o diálogo e abertura à diversidade (de pessoas e também, portanto, de pontos de vista). Isso poderá gerar alguns conflitos, o que não será problema, desde que sejam conflitos saudáveis. Entendendo que uma empresa inovadora necessariamente passará por esse tipo de conflito.
Valorizamos mais transparência que sigilo. No RH Ágil, a área de Pessoas não é mais a portadora de informações sigilosas e guardiã dos segredos organizacionais, mas se dedica a construir, junto com as lideranças e equipes, uma comunicação fluida, transparente e assertiva. A autonomia das pessoas, tão valorizada no contexto ágil, não pode ser construída sem transparência e difusão das informações importantes. Só é possível aos times autônomos tomarem boas decisões se estiverem munidos de todas as informações necessárias.
Valorizamos mais adaptabilidade que prescrição. Uma empresa não pode ser ágil se não houver flexibilidade em seus processos. Normas são importantes em alguns contextos (como, por exemplo, as normas de segurança e as de qualidade de produtos alimentares), mas parece não haver gente mais apaixonada por criar regras que as pessoas que trabalham no RH. Política disso, norma daquilo, regra para aquilo outro e aí vai… E a questão de maior peso é que nem sempre essas normas vêm de combinados realizados com as pessoas, nem mesmo são discutidas, cocriadas. Por vezes o RH cria normas a partir do que acredita ser melhor para os outros e nem sequer verifica se, de fato, era a melhor opção para os outros. Cocriação é um dos pressupostos mais basilares do RH ágil. Não criamos para, acreditando que (é o melhor). Criamos com, verificando se (de fato atendeu a necessidade do nosso cliente).
Valorizamos mais inspiração e engajamento que gestão e retenção. Se consultarmos o verbo reter no dicionário, encontraremos por significado conceitos como manter em sua posse, deter, prender e encarcerar. Isso quer dizer que, quando falamos em reter funcionários, estamos, na verdade, usurpando a sua liberdade, encarcerando-os. Pesado, não é?! Mas aí você poderia argumentar “Mas turnover é um problema para a empresa: o conhecimento não se difunde, a equipe e a empresa perdem com isso, o próprio cliente perde…”. E eu lhe digo que concordo plenamente. A questão é que no RH Ágil não queremos prender as pessoas, mas dar a elas ótimos motivos para se inspirarem e querer estar conosco.
Valorizamos mais motivação intrínseca que recompensas extrínsecas. Nós não podemos motivar as pessoas, motivação é algo que vem do interior, próprio de cada pessoa. Mas nós podemos ajudar as pessoas em nossa empresa a entender o que as motiva e trazer esses motivos em nossas práticas e processos de Pessoas. É muito importante lembrar que cada pessoa possui seus fatores de motivação, que podem ser diferentes dos de outras pessoas. Inclusive o que motiva alguém pode ser causa de desmotivação para um outro.
Valorizamos mais ambição que obrigação. No RH Ágil, é importante entender o que cada pessoa gosta de fazer, aquilo que a faz entrar em estado de flow. Uma pessoa que faz algo que gosta com certeza gerará melhores resultados que outra que o faz apenas por obrigação, por determinação de seu cargo. Colocar o foco em papéis (ao invés de cargos), pode favorecer bastante esse aspecto.
Todos esses valores que citamos compõem o RH Ágil e nos permitem obter benefícios como:
Entregas de maior valor aos colaboradores e ao negócio;
Maior capacidade de adaptação aos cenários que a empresa vivencia em cada momento;
Maior autonomia para os colaboradores;
Maior adequação às necessidades individuais de cada colaborador e às particularidades de cada área;
Um RH mais humanizado, no qual as pessoas estão no centro, com impacto positivo em seu engajamento, senso de pertencimento e motivação.
Para saber mais e obter dicas de como é o Recrutamento e Seleção no RH Ágil, como pensar a Avaliação de Desempenho, Feedbacks e a Remuneração nesse contexto e como são os processos de Aprendizagem e Desenvolvimento, baixe nosso Guia Prático do RH Ágil e tenha ótimos insights de como aplicar os valores ágeis na área de Pessoas da empresa em que você trabalha. Inclusive, queremos ouvir seu feedback sobre o ebook ;)
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